sexta-feira, 22 de março de 2013

E O VENTO LEVOU...


Há aproximadamente dez anos, comprei um pacote de viagens ao Nordeste com a Soletur,  uma das mais importantes e conhecidas agências de turismo da época. A viagem foi agradável a bordo de uma aeronave da Varig. Para passar o tempo, a comissária de bordo gentilmente me ofereceu o jornal A Gazeta Mercantil. Ao desembarcar, para ganhar mobilidade, aluguei um resistente carro da Lada. Enquanto preenchia os formulários, observava a programação vespertina da TV Manchete. Ao chegar no saguão da filial do Hotel Hilton, tirei algumas fotos e encaminhei aos amigos pelo e-mail da AOL.


Uma década depois, além do meu cabelo, todas as empresas acima listadas sumiram do mapa. É inquestionável que o ritmo de mudanças no mundo corporativo está mais cada vez acelerado.  Uma das mudanças mais visíveis e significativas diz respeito ao aparato tecnológico desenvolvido pelos agentes fiscalizadores de todas as esferas do governo. As informações das empresas nunca estiveram tão disponíveis para serem checadas, cruzadas, auditadas, etc. e tal.

Dando continuidade à sessão nostalgia, lembro que no início da década passada, atendi uma notificação do ICMS de São Paulo. A documentação solicitada obrigou o aluguel de um caminhão baú.  Foram necessários 30 minutos para descarregar o enorme volume de papéis no velho prédio da Secretaria da Fazenda.
Sete anos após, uma notificação semelhante. As mesmas informações foram pedidas. Desta vez, porém, ao invés da tonelada de papéis, apresentei alguns poucos formulários e três CDs. Ao instalá-los no computador, surgiram os primeiros questionamentos pelo astuto fiscal. “A NF número tal não cruza com os dados informados pelo seu fornecedor. O que houve? ”. “Ih, esta outra também não...”, “Aliás, estou consultando no sistema, o IVA da sua empresa está muito abaixo da média do setor...”. Para arrematar, o golpe de misericórdia, “As compras no ano passado foram muito altas. Por favor, me apresente o livro de inventário”. “Claro, Sr. Fiscal, vou pegar, mas permita-me usar o banheiro antes!”

O relato acima aconteceu em 2009. De lá para cá, se não bastasse a implantação do SPED, o governo federal aperfeiçoou a Super Receita, intensificou a utilização do COAF e informatizou a entrega de várias declarações. O governo de São Paulo investiu na divulgação da Nota Fiscal Paulista, procedimento igualmente adotado pelas principais prefeituras.

No que se refere ao aparato desenvolvido para fiscalizar redes varejistas, destaco a DECRED, gerada compulsoriamente pelas administradoras de cartão de crédito. Na DECRED, são informados os valores vendidos por meio dos cartões de crédito e débito, em cada loja. Os dados são cruzados com o faturamento declarado pelo varejista. Recordo de uma rede que recebeu uma multa de centenas de milhares de reais pelo correio, sem que tivesse sido  sequer notificada. A causa? As vendas informadas nas suas declarações estavam inferiores às transmitidas, via DECRED, pelas administradoras de cartão de crédito. Multa gerada diretamente pelo sistema!
Os exemplos acima servem de alerta. É importante que as empresas estejam preparadas para esta nova realidade. A utilização de práticas contábeis e fiscais não convencionais deixou ser apenas arriscada. Passou a ser proibitiva!

Aos empresários e executivos fica a tarefa de adotarem estratégias orientadas ao crescimento sustentado dos negócios, por meio da implantação de boas práticas de gestão, de um correto posicionamento de marca, de investimentos na formação e retenção de talentos, de implantação de bons softwares de gestão, do fortalecimento do branding, da correta gestão dos estoques e do ciclo operacional financeiro, de investimentos em pesquisa e inovação, da renovação constante das instalações, da adoção de transparência e governança corporativa.

Caso contrário, estarão brincando de roleta russa ou farão parte da lista das empresas que nos deixaram. Aqui jaz...

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