A edição de Outubro de 2010 da revista Valor Carreira, trouxe uma entrevista com o conceituado economista britânico John Van Reenen, professor da London School of Economics e diretor do Centre for Economic Performance. Dentre as perguntas formuladas pelo jornalista Rafael Sigollo, uma em especial chamou a atenção: As companhias familiares sofrem mais com a má administração ?
Segue abaixo, na íntegra, a resposta do economista.
Segue abaixo, na íntegra, a resposta do economista.
“O maior problema é quando o executivo-chefe é também membro da família e controla a empresa. Especialmente se este for o filho mais velho ou neto do fundador. A razão é simples: de todas as pessoas no mundo que poderiam administrar melhor a companhia, as chances de que a pessoa certa seja o filho mais velho são muito pequenas. E geralmente é assim que as empresas familiares agem. Se o Brasil decidisse formar sua delegação para a Olimpíada apenas com os filhos mais velhos daqueles atletas que ganharam medalha de ouro nos últimos 20 anos, esta não seria a melhor maneira de escolher a delegação. Então, por que achamos que o que é ruim para o esporte pode funcionar em uma empresa? Há outra razão que leva os primogênitos a serem CEOs ruins. Se o filho sabe que vai herdar o controle da empresa, por que ele vai se esforçar na escola ou universidade? Não importa o que ele fizer, ele ainda terá a companhia. Isso é chamado “efeito Carnegie”, por causa do famoso industrial americano do século XIX que doou a maior parte do seu dinheiro para a Carnegie-Mellon University, em vez de permitir que seus filhos herdassem tudo.”
Não há como negar que os argumentos de John Van Reenen são coerentes e, porque não dizer, lógicos. Não tenho a pretensão de refutá-los, apenas julgo relevante fazer o justo registro de casos onde os primogênitos, com sabedoria e maestria, impulsionaram as empresas e as colocaram em posição de destaque nos mercados onde atuam. Como, por exemplo, não reconhecer os méritos e competência de Abilio Diniz na condução do conglomerado Pão de Açucar? A magnitude do grupo Votorantim e da Klabin evidenciam a eficácia na gestão dos primogênitos.
Não obstante os vários exemplos que poderiam ser apresentados, peço permissão para compartilhar uma experiência pessoal. Tive a felicidade de atuar, durante quase uma década, como executivo financeiro de uma empresa familiar gerida pelo primogênito. As práticas adotadas pela empresa em nada deixavam a desejar às grandes corporações. O CEO sempre demonstrou grande preocupação com a profissionalização da empresa, sem abrir mão, todavia, das decisões finais. Trata-se, sem dúvida, de uma das maiores e melhores empresas do segmento em que atua. Obra da competência e seriedade do primogênito. Ostento com muito orgulho a marca de ter sido um dos seus comandados.
Sorry, Sir. John, you are great, but this time I disagree with you !!